Léo Cascão, o lavador de carros meio mendigo aqui da rua é uma figura. A cor da pele dele é desconhecida, mas os olhos são bem claros. Os cabelos que escapam do boné – sempre na cabeça – formam dreads de cores que variam do loiro ao preto. Mas não dá pra saber se é aquele pretinho de passar no pneu.
Sempre que o telefone do ponto de táxi toca e o Léo está por perto, ele grita:
_ Pega aí pra mim e fala que eu tô em reunião. Fala que eu tô em reunião e não posso atender agora.
Detalhe: são dois telefones no ponto que tocam o tempo inteiro. Mas eu morro de rir quase todas as vezes que ele fala isso.
O Léo também tem mania de chamar um dos motoristas do ponto de Pato Ronald. Ainda não descobri se ele não sabe falar o nome do personagem, se o nome do motorista é Ronald ou o que é, mas é engraçado também.
Mas o Léo tem bom gosto musical. Não sei a idade dele, mas desde que eu era criança ele já lavava carros. O que não quer dizer muita coisa porque meninos pobres trabalham desde pequenos.
Sei que o Léo lavava carros e sempre escutava música. Sempre escutava música muito alta. E ele (geralmente) tem bom gosto.
O Léo gosta de Michal Jackson, de Madonna, de Pet Shop Boys, de Cindy Lauper. Bem 80’s. Acho que eram os hits da BH FM e da rádio Cidade que ele curte até hoje.
Um dia ele veio lavar o carro aqui em casa. A moça que trabalha aqui foi chamá-lo pra almoçar e percebeu que o Léo chorava. No som do carro, Rosana (a deusa). Na volta, o comentário:
_ É… tadinho do Léo, ele também tem sentimentos, né?